sábado, 26 de dezembro de 2009

zeze di camargo e luciano


Os mais de 15 álbuns lançados deles somam mais de 30 milhões de cópias vendidas e renderam muitos prêmios. Com um sucesso incontestável e com uma história de vida literalmente cinematográfica, a dupla Zezé di Camargo e Luciano acaba de lançar o terceiro DVD da carreira, “Duas Horas de Sucesso”, gravado no Credicard Hall, em São Paulo.
Foi por telefone que Zezé conversou com o Folha 3 sobre mais esse trabalho, que malgrado ser recente, já é possível encontrá-lo para download na internet. Prestes a vir para Mato Grosso realizar shows da nova turnê, não poupou elogios ao amigo Claudinho, que toca junto a Pescuma e Henrique: “Vocês tem aí o maior violeiro do Brasil em termos de execução”.


O DVD “Duas Horas de Sucesso” acabou de ser lançado e a gente já o encontra na internet para download. Como vocês lidam com a pirataria?

Isso é um mal que não dá pra gente evitar, cai no domínio das pessoas. O Faustão tem uma denominação pra internet que eu acho muito engraçado, ele fala: “A internet é um penico: todo mundo joga uma merda lá dentro e ninguém é responsável. [risos] E é verdade. A internet com certeza traz muitas benesses pra gente, mas também traz danos pra caramba pra muita gente, pro artista - principalmente o cantor, quem lida com voz e imagem é muito prejudicado nesse sentido. O DVD está nas lojas, sem sombra de dúvida é o DVD mais vendido no Brasil e foi lançado semana passada, mas já tem gente que disponibilizou na internet pra ser baixado. Isso é triste, a gente vê com muita tristeza, mas vai fazer o quê? Nós estamos de mãos atadas, não temos como reagir. O cara te rouba na cara dura e você tem que ficar calado.

Vocês tem alguma proposta com relação a isso - como os artistas que compõem já pensando em lançar as músicas pela internet. Vocês acreditam no fim do CD?

Artistas que fazem isso são os que não têm uma grande gravadora por trás, ainda não tem um contato e nem uma distribuição de uma grande gravadora. Pra nós, que temos uma carreira já consolidada, eu acho que ter na internet, tudo bem. Mas deixar de ter o CD mesmo físico, isso é uma bobagem. A gente não tem isso no mercado. Acho que ter os dois é a melhor solução, uma por vias normais e legais, que é o nosso disco, e outra por não legais, que seria a aquisição de músicas pela internet, que até hoje não foi regulamentada para as pessoas receberem por seu trabalho, seu produto - principalmente em se tratando de Brasil. Eu acho que é um caminho inevitável


E por que o DVD não tem a música “É o amor”, que foi o primeiro grande sucesso de vocês?

Na verdade a gente tem mais de 86 sucessos na carreira, sucessos tão grandes como “É o amor”, músicas que venderam até mais que essa música. Mas na verdade ela é o nosso cartão de visita, vamos dizer assim. É difícil falar de Zezé di Camargo e Luciano sem falar de “É o amor”, de Roberto Carlos e não falar de “Detalhes”, Leandro e Leonardo sem falar de “Pensa em mim”. São músicas que tiveram uma importância muito grande na carreira de cada um, mas a gente não pode ficar preso a uma música: todo disco que for lançar tem que ter “É o amor”.

Recentemente você fez uma cirurgia para a retirada de um cisto nas cordas vocais, em 2007. Já está tudo 100% com a voz?

Hoje está tudo normal, há mais de cinco que não tem nada. Pelo contrário: está melhor. O problema era uma coisa muito simples, até o meu médico falava: “Zezé, isso é um cisco no olho: um dia ele incomoda, outro dia não”. Quer dizer, um dia a gente pode estar incomodado com ele. Aí a gente resolveu tirar, que era um cisto congênito que nasceu comigo. Hoje, graças a Deus, acordo de manhã já cantando.

Você tem dito abertamente que não gosta do chamado “sertanejo universitário”, tanto que chegou a chamá-lo de “mentira marqueteira”. O que fazer para inovar nesse nicho musical, o sertanejo?

Eu fico muito triste porque quando eu falo sobre esse assunto as pessoas me interpretam mal. Eu digo sempre na imprensa que eu não gosto de rótulos para denominar ou promover uma coisa. Eu sou contra isso. Você lembra do “pagode universitário”, do “forró universitário”? Vida curta. E quando entra um modismo, a tendência é banalizar o produto. Na verdade se você olhar não é um novo segmento, pois eles pegam as músicas que nós cantamos e colocam dois, três bit [com relação ao andamento da música] a mais, mas os arranjos são iguais, as letras são iguais. Eu sou contra isso, essa massificação e essa mentira de que inventaram uma música nova, que não é nova: o dueto é igual, as linhas melódicas são iguais, as letras são românticas do mesmo jeito e com um certo grau de banalidade principalmente com relação à mulher.


A maioria das letras falam sobre bebidas e mulher...

É só bebida, festa e mulher descartável. Agora tem uma música que está fazendo sucesso aí: “Você diz que me odeia, mas no fundo paga pau”. Você falar isso pra uma mulher é terrível. [risos] São extremamente machistas. Quando eu vejo as mulheres cantando isso eu olho com uma certa tristeza, porque é uma ofensa muita grande à mulher. É uma música feita pra homem, que vai pro bar, bebe, fica bem de fogo e quer catar uma mulher a qualquer custo. E eu, que sou um amante à moda antiga como Roberto Carlos [risos], eu prefiro fazer música valorizando mais a imagem da mulher.

Com tanto tempo de estrada - 18 discos de estúdio, dois discos em espanhol e várias coletâneas -, como ter novas idéias e não lançar trabalhos repetitivos?

Na verdade a gente inova na produção. No DVD, por exemplo, a gente fez isso. Sem sombra de dúvida é a maior produção em DVD feita no Brasil. A gente inova nesse sentido. O próximo CD nosso será acústico, um DVD no formato dos da MTV. Eu sou muito vanguardista, sempre fui muito vanguardista na minha carreira, procurei um lado onde não estava indo todo mundo, se você pega nosso CD ou DVD vai ver que não tem nada a ver com o que está no mercado. Eu carrego uma frase comigo: “Roberto Carlos foi sempre o maior artista do Brasil e nunca se prostituiu musicalmente, sempre teve e construiu um caminho próprio”. Se um artista quer perdurar por muitos anos ele tem que realmente trilhar por esse caminho. Não tem que seguir modas que surgem e que dão certo, mas que depois de dois anos não é aquilo mais e surge outro negócio, e ele vai também. Depois de quase 30 milhões de discos vendidos, de 86 sucessos emplacados - e qualquer um que a gente colocar no show tem a mesma importância de todas as outras -, a gente não pode ficar como folha de bananeira: virar pra onde o vento soprar.

Como vai ser o transporte de todo o aparato desse novo show?

Serão necessários três carretas e dois ônibus para levar todo o equipamento e as 62 duas pessoas que compõe a equipe de produção do novo show.

Isso lembra show do Pink Floyd e das grandes bandas de rock.

Quem assistir ao DVD vai constatar o que estou falando: a nossa inspiração em termos de produção de show é exatamente os mega shows de rock. Há mais de 10 anos a gente já é a maior produção de estrada do Brasil. Eu sempre digo: 50% do que eu ganho é investido no próprio show. Sempre tivemos grandes produções e a do DVD agora a gente fez questão de fazer algo maior ainda.

Sobre a recente confusão envolvendo o Dado Dolabella, vocês pretendem fazer algo com relação ao que ele disse no programa [A Fazenda]?

Nada, de jeito nenhum. Acho que vai por um momento de ira ali dentro da casa, e isso acaba comprovando a ira das pessoas. A Luciele di Camargo pegou pesado com ele também. Não tenho nada contra, nunca tive, pelo contrário. Foi um momento de... Tanto é que nunca mais tocou no assunto. Alguma coisa ele vai falar quando sair, agora eu não sei o que que é. Deixa por conta dele. [risos]

E como todo esse sucesso, com todo esse reconhecimento, falta algo pra vocês? Ainda há algo que vocês almejem?

Olha, a música na vida da gente... A primeira coisa: quando você quer cantar nem imagina o que a música pode trazer financeiramente. A primeira coisa que ela traz é o prazer pessoal de cantar, que acaba sendo uma diversão pra quem gosta. Eu não encaro cantar como um trabalho, apesar de ser um trabalho, de estarem envolvidas pessoas, que tem dinheiro envolvido, mas o meu estado de espírito em cima do palco é de diversão, eu estou com o meu espírito preparado pra me divertir. São momentos sagrados pra mim. A gente até brinca que só vai parar depois que a dupla virar um quarteto: os dois cantando no palco e duas enfermeira segurando a gente atrás [risos].

Vocês pretendem fazer mais alguma produção cinematográfica? Um documentário?

Acho que até um documentário caberia, porque você não tem a responsabilidade de público, de gente no cinema. E o documentário fica como uma coisa mais jornalística, mais de registro. Na verdade eu nem tinha pensado sobre isso. Se alguém perguntar um dia e se isso acontecer eu vou falar que a idéia surgiu conversando com um jornalista em Cuiabá. [risos]

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